Coordenado pela Dra. Andreia Beatriz Silva dos Santos, médica do Programa de Saúde Penitenciária e responsável pelas ações de promoção de saúde, prevenção e tratamento de agravos no módulo 5, o evento teve como tema central da discussão o significado político de saúde no espaço prisional, que agrega em sua maioria negras e negros jovens.
“Saúde é um direito garantido por lei e tem que ser compreendida e exercida para além do adoecimento e da medicalização. Neste espaço reconhecer raça, racismo e racismo institucional como condicionantes do processo saúde-adoecimento se torna imprescindível no contexto do SUS (Sistema Único de Saúde) e está em consonância com a Política de Saúde Integral da População Negra, conquista do movimento social negro”, afirma a médica.
Hamilton Borges Walê, poeta, contista, principal articulador da Campanha Reaja ou será mort@ e também coordenador do Projeto Cultura Intramuros na Penitenciária Lemos Brito, afirma também a importância de levar a discussão para o sistema prisional. “Só o direito de ir e vir está cerceado, os demais direitos como educação, saúde, lazer, informação e entretenimento estão assegurados pela carta magna desse país, e nós não nos desviaremos um milímetro se quer na luta para que esses direitos nos sejam assegurados”, avisa.
Com esta fala, o coordenador da Quilombo X – Ação Cultural Comunitária, abriu na tarde de 27 de outubro um bate papo com cerca de quinhentos internos do Módulo 5 da PLB, em atividade do Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra.
A atividade teve ainda a participação do advogado e professor de Direito da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) Clóves Araújo, que durante a sua fala reforçou a importância de ações intramuros no sentido de resgate da cidadania.
Contou, ainda, com a presença de Ricardo Andrade, integrante da Associação de Familiares e Amigos de Presas e Presos do Estado da Bahia (ASFAP/Bahia), que ressaltou que a saúde intramuros reflete diretamente na sociedade e que é possível perceber o aumento significativo de mulheres nos postos de saúde com a pressão alta quando a situação nos presídios é tensa.
O evento foi encerrado com um rap cantado por um dos internos, versando sobre o significado de ser negro neste país e mais especificamente no espaço prisional.
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